A Cachaça Sapucaia foi fundada em 1933, no município de Pindamonhangaba, cidade do interior de São Paulo, no Vale do Paraíba, mais precisamente na região hoje conhecida como distrito de Moreira César, nas Fazendas Sapucaia e Coruputuba, por Cicero da Silva Prado, um empreendedor muito conhecido na região por sua imagem de trabalhador, homem de visão, com fama de bom patrão, e grande capacidade produtiva.
A partir das plantações de cana que introduziu na fazenda, Cicero Prado, decidiu produzir cachaça de qualidade, voltadas para exportação. Buscou o melhor que a industria nacional tinha a disposição na época, quando a região do Vale do Paraíba ainda buscava sua identidade.
“Sapucaia” é uma árvore majestosa, típica da Mata Atlantica. Produz sombra farta e castanhas utilizadas pelos índios desde a época do Brasil Colônia. Foi o nome escolhido para a Cachaça porque, a Serra da Mantiqueira possuía exemplares da árvore. Saiba mais sobre “A Árvore Sapucaia ”.
A prefeitura de Pindamonhangaba mantem na internet a história da região onde está localizada a Cachaça Sapucaia desta forma:
A extensa planície onde se situa é emoldurada de um lado pela serra do Quebra Cangalha, onde fica sua extremidade sul, na região conhecida por “Macuco”; do outro lado, pela serra da Mantiqueira, onde se localiza sua extremidade norte, nas proximidades do Pico do Itapeva. Serpenteando entre as duas serras corre, majestosamente, o lendário rio Paraíba, em cujas margens no século XVII aportaram os pioneiros da colonização. O contraste entre as duas serras e planície, empresta ao Distrito de Moreira César uma magnífica e singular paisagem que encanta os visitantes que passam pelo Vale do Paraíba.
Vila Taipas
Em 1817, numa expedição de reconhecimento, os viajantes Spix e Martius, ao passarem por Pindamonhangaba, relataram que haviam pernoitado em uma “venda” (taberna, botequim ou armazém) denominada “Taipas”, que ficava à beira do caminho ou “estrada cavaleira” que ligava a província (estado) do Rio de Janeiro a São Paulo. A venda das Taipas se constitua em um ponto de parada que servia também de pousada para os viajantes.
Contam que em sua passagem por Pindamonhangaba, em 1822, a caminho de São Paulo, naquela célebre cavalgada que resultou na independência do Brasil, o imperador Pedro I teria parado para descansar sob uma frondosa árvore, a “figueira das Taipas”. Quase dois séculos depois, permanece ainda dando sombra à beira da estrada a mesma figueira. Testemunha da história, ela sobrevive como quem aguarda os novos acontecimentos. O local onde essa árvore se encontra, experimentou um período de muito movimento na década de 50, quando ali funcionou o restaurante do luso radicado em Pindamonhangaba, senhor Joaquim, mais conhecido como “Joaquim Português”. Seu restaurante era freqüentado inclusive pelos políticos e pessoas influentes que iam degustar especialidades da culinária portuguesa (“cabrito ao forno”, “bacalhau à portuguesa” etc.).
No bairro de Taipas no princípio do século 20, viviam muitas famílias como a dos Teberga, Carvalho, Américo, Cortez e Serino. Atualmente abriga principalmente famílias oriundas da antiga fazenda Sapucaia, que já foi propriedade da Companhia Agrícola Cícero Prado. No seu auge, a “Cícero Prado” empregava um grande número de pessoas residentes nas suas lavouras. Aproximadamente 800 familias. A fazenda Sapucaia também pertenceu à empresa agro-industrial do grupo japonês Fujizaki-Tozan e experimentou período altamente produtivo sob a direção do agricultor Ryoiti Yassuda e sua esposa, dona Shiduca (precursores na imigração japonesa para o Brasil).
Coruputuba
O historiador Waldomiro Benedito de Abreu (1914/1999), em seu livro Pindamonhangaba Tempo & Face, referindo-se à palavra Coruputuba, explica que “se trata de topônimo puramente pindense, originado de palavra semelhante, não consta na língua Tupi”.
Waldomiro cita documentos históricos, de 1650, onde aquela localidade aparece grafada de diferentes formas: Curupaytuba” e “Curupahitiba”. O significado da palavra é pelo autor assim explicado: Curu-pe-y-tuba, curu = seixos; pe = simples elemento afixal; y = rio; tuiba ou tiba = abundância, multidão. Que, no sentido geral seria: rio de seixal, cheio de seixos, alusão ao ribeirão de Coruputuba que devia possuir seixos e cascalhos.
“Nos papéis antigos aparecem, freqüentemente, a posse de terras em Curupaitiba, sendo a paragem uma das mais antigas sesmarias, terras cedidas pelos reis de Portugal e donatários de capitanias para o cultivo e a conseqüente povoação do lugar”, esclarece o historiador, acrescentando que “o local seria a constante do inventário do paulista Antonio Bicudo Leme” e que “toda a parentada do mesmo, tanto do lado paterno como do lado materno, teve sítios e morou em Coruputuba”.
A produção do café gerou uma grade riqueza para Pindamonhangaba. A exuberância desse período pode ser imaginada contemplando as edificações que restaram do século XIX: o Palacete Visconde das Palmeiras (atual sede do Museu Histórico e Pedagógico D.Pedro I e Dona Leopoldina), o Palacete 10 de Julho (Palacete Barão do Itapeva), antiga sede da Prefeitura e o Palacete Tiradentes, sede da Câmara Municipal.
Inicialmente o café produzido era conduzido em lombo de burro, carroças ou carros de boi . O destino era a estação de Pindamonhangaba, para ser embarcado nos trens da Estrada de Ferro São Paulo/Rio de Janeiro, inaugurada em 18 de janeiro de 1877. Três anos depois foi instalado o posto telegráfico de Nhambuí, um avanço muito festejado na época, pois se estabelecia assim a primeira linha de comunicação rápida (para aqueles tempos).
Aos 7 de janeiro de 1898 surgiu a “Estação Moreira César”, numa justa homenagem ao coronel Antonio Moreira César, vitimado no comando das tropas governamentais durante a Campanha de Canudos, nos sertões da Bahia. Essa estação foi toda confeccionada em madeira nobre denominada pinho de riga, veio totalmente pronta da França para ser montada em Moreira César. A partir de sua inauguração, passou a ser o embarcadouro do café colhido nas redondezas para ser transportado, principalmente, aos longínquos países europeus, onde era muito apreciado, tendo conquistado vários prêmios pela sua qualidade na Suíça.
A estação de Curuputuba foi aberta em 1937 como um posto telegráfico. Mais tarde foi construído um prédio para a estação, que continua ativa até hoje com pelo menos um desvio, isto, na época em que (anos 1950) foi construída a variante Pindamonhangaba-Roseira, cuja linha cruzava com o leito da linha antiga exatamente nesta estação.
Nesse contexto, Cicero Prado, implementou muitas atividades nas duas fazendas:
Plantio de Arroz – Numa época em que os produtores de café da região substituíram suas lavouras por criação de gado, Cícero Prado foi o pioneiro no plantio de arroz na região.
Papelão de Arroz – Em 1.927, a primeira fábrica produzindo 400 a 500 quilos diários de papelão. Produzia cartolina de várias qualidades e alguns tipos de papéis; máquinas foram adquiridas para a fabricação do papel Kraft, de largo emprego, na Fazenda Coruputuba.
Produção de Cachaça – Em 1933 inicia a produção da Cachaça Sapucaia, com vistas a exportação. Veja também o artigo sobre a “Lendária Garrafa da Cachaça Sapucaia”.
Criou ainda em São Paulo o Banco Cicero Prado, vendido em 1967 ao Banco Bradesco, além de obras como Escola, Maternidade, etc.
Em 1959 foi realizado nas dependências da Fazenda Sapucaia e Coruputuba a gravação do filme de Mazzaropi, Jeca Tatu. Na abertura do filme, Mazzaropi agradece a Cicero Prado pela cessão das terras para a gravação. E menciona a Fazenda Sapucaia como o local onde as cenas foram gravadas. Muito interessante verificar no filme as cenas do corte tradicional da cana de açúcar para a produção da cachaça.
A Cachaça Sapucaia sempre foi importante produto das empresas de Cicero Prado, do Vale do Paraíba e de Pindamonhangaba. Um produto de alta qualidade, com foco no mercado externo, foi uma das primeiras cachaças brasileiras a serem exportadas e vendida por toda a região.
Na década de 80 apos o falecimento de Cicero Prado, a Cachaça Sapucaia muda de dono, passando em seguida por um processo de revitalização e investimentos onde foram adquiridas as marcas regionais Senzala e Florida.
Também foram realizadas obras e investimentos em equipamentos e aumentados para 5 o numero de alambiques. Foram comprados 500 novos toneis de carvalho, ampliando a capacidade de estocagem e envelhecimento de cachaças, bem como aprimorando ainda mais a qualidade e a higiene do processo todo, com técnicas e maquinas modernas de engarrafamento e um sistema rígido de controle de qualidade.
Em 2007 a cachaça Sapucaia Reserva da Família – 10 anos figurou entre as 20 melhores cachaças do Brasil, segundo especialistas e degustadores a convite da Revista Playboy – sendo do Estado de São Paulo a mais bem colocada. Em 2008 muda sua razão social e procedimentos de trabalho para melhor se adequar ao mercado e aos novos proprietários.
Veja a publicação aqui.
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*Revista Playboy – ARGENTINA 2010
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Em 2012, uma nova rodada de investimentos é realizada na empresa, com reforma física e ajustes para mantê-la atualizada com o mercado, que fica cada vez mais competitivo. Novo site institucional entra no ar em substituição ao anterior, mais moderno e com mais informação.
Em Janeiro de 2014, mais um ranking onde a Sapucaia Velha Reserva da Família está entre as melhores do Brasil, mais uma vez
Caderno Paladar – Jornal O Estado de São Paulo 2014
O Estado de São Paulo – Caderno Paladar
Na década de 80 apos o falecimento de Cicero Prado, a Cachaça Sapucaia muda de dono, passando em seguida por um processo de revitalização e investimentos onde foram adquiridas as marcas regionais Senzala e Florida.
Também foram realizadas obras e investimentos em equipamentos e aumentados para 5 o numero de alambiques. Foram comprados 500 novos toneis de carvalho, ampliando a capacidade de estocagem e envelhecimento de cachaças, bem como aprimorando ainda mais a qualidade e a higiene do processo todo, com técnicas e maquinas modernas de engarrafamento e um sistema rígido de controle de qualidade.
Em 2007 a cachaça Sapucaia Reserva da Família – 10 anos figurou entre as 20 melhores cachaças do Brasil, segundo especialistas e degustadores a convite da Revista Playboy – sendo do Estado de São Paulo a mais bem colocada. Em 2008 muda sua razão social e procedimentos de trabalho para melhor se adequar ao mercado e aos novos proprietários.
Atualmente o Alambique Sapucaia está operando tambem em sua nova fabrica, no municipio de Pirassununga, devidamente registrada no MAPA – Ministerio da Agricultura sob numero SP 001374-9 apto a produzir todo tipo de bebidas alcoolicas existentes no mercado nacional. (vide abaixo)
Estes são somente alguns dados históricos mais relevantes. Gostaríamos de enriquecer cada vez mais esta pagina para deixar um claro registro da grande tradição desta cachaça e seus diversos períodos, bem como das pessoas envolvidas. Caso faça parte desta história e queira colaborar basta nos escrever que teremos o maior prazer em atende-lo.
Fontes:
1. Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba: Moreira César
2. Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba: 1911 – 1958 – 57 anos de Glorias e Realizações
3. Os Sertões – Euclides da Cunha
4. O Treme Terra – Oleone Coelho Fontes
5. Pindamonhangaba – Tempo & Face, de Waldomiro Benedito de Abreu (Editora Santuário, Aparecida-SP, 1977);
6. Pindamonhangaba Através de Dois e Meio Séculos, de Athayde Marcondes (Tipografia Paulista, São Paulo-SP, 1922);
7. Pindamonhangaba no Século XIX – Cafezais, Servidão e Nobreza, de Fábio Schmidt Goffi (Gráfica Portinho Cavalcanti, Rio de Janeiro-RJ, 1994);
8. Retrato da Princesa do Norte, de Rômulo Campos D’Arace (Editora Piratininga, São Paulo-SP, 1954);
9. Livro Tombo da Igreja Matriz São Vicente de Paulo, do Distrito de Moreira César.
10. Jornal Tribuna do Norte (Editoria de História, de Altair Fernandes);
11. Jornal Tribuna do Norte – A ultima morada de Mazzaropi
12. Wikipedia – Jeca Tatu Filme
13. http://paulotarcizio.blogspot.com.br/2014/04/erecao-da-capela-de-coruputuba.html